sábado, 21 de junho de 2014

Mário Quintana em Trova e Verso
Da alegria nas atribulações “Olha! O melhor é sorrires!”
mas já se viu que lembrança!
Dá-me primeiro a bonança,
Que eu te darei o arco-íris...

Da realidade O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! quanta vez a vida nos revela
Que a”a saudade da amada criatura”
É bem melhor que a presença dela.

Do amoroso esquecimento Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Da calúnia Sorri com tranqüilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade...

Da eterna procura Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.

Da falsidade Foi tudo falso, o que ela disse?
Feche os olhos e crê: a mentira é tão linda!
Nem ela sabe que fingir meiguice
É o mais certo sinal que te ama ainda...

Do prazer Quanto mais leve mais sutil
O prazer que das coisas nos provém.
Escusado é beber todo um barril
Para saber o gosto que o vinho tem.

Da boa e da má fortuna É com razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento
Mas nunca soube ser feliz...

Da mediocridade Nossa alma incapaz e pequenina
Mais complacência que irrisão merece.
Se ninguém é tão bom quanto imagina
Também não é tão mau quanto parece.

Da indulgência
Não perturbes a paz da tua vida,
Acolhe a todos igualmente bem.
A indulgência é a maneira mais polida
De desprezar alguém. 
Estranhezas Esse estranho que mora no espelho
(e é tão mais velho do que eu!)
Olha-me com o jeito
de quem procura adivinhar quem sou eu. 

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