"Vagabundos que o mundo repeliu, mas zombam e vivem nos filmes, nas ruas tortas com tabuletas: Fábrica, Barbeiro, Polícia, e vencem a fome, iludem a brutalidade, prolongam o amor, como um segredo dito no ouvido de um homem do povo caído na rua." (Carlos Drummond de Andrade)
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quero resgatar tudo isso em mim esquecida, tudo que ontem era cedo e hoje é tarde. Como o tempo pode ser tão cruel e expectativo?
Ai de mim, pobre, pobre mesmo. De alma e condição financeira. Mortal pobre, não pobre mortal.
Quantos quilômetros são necessários para se provar que ama?
Onde moram os que dizem a verdade? Quero ser vizinha deles.
Cada pedacinho de algodão que eu deixei cair soaram como relâmpagos para os que sentem medo de dizer sobre as raízes da vida.
Ei de sorrir e chorar até o dia parar de ser dia e virar noite.
Sei que pode dizer amo,mais o amo não pratica liberdade. Ele prende, me prende, te prende e não solta. Ele muda de estado térmico,esfria, mas sempre vai te prender nas lembranças do ontem.
Onde caíram as penas? Eu quero voar novamente.
Digamos que o caminho se tornou em vários caminhos picados, com buracos e morros. Então eu sentei para descaçar, e o tempo não me esperou, e então eu vi outros passando na minha frente. Alguns com sorriso no rosto, outros agoniados para terminar o percurso e enquanto outros arrastavam os pés como se pesassem toneladas. E eu, bem eu resolvi ver a vida. Quero sentir o cheiro... cheiro de folhas, de musgo de poeira, da chuva, cheiro de banho, mofo e cheiro da pele que me toca.
Um sentido estranho que trás lembranças, sonhos, tristeza e alegria. Alegria não, pois o passado automaticamente se torna melancólico, melancólico é quase como uma cólica que vem junto com um choro preso na garganta. Então fico realmente chorosa quando penso no passado. O futuro sim, é o que me aguarda, o pensamento do futuro. Agora o presente é chato, é parado é quase como se ver no espelho quando se não tem mais nada para fazer em um domingo.
Sentada ali, esperando o presente passar.
Plantei no teu peito a vontade de viver, plantas-te no meu a dor de lembrar... do amor.
A força que me abre é a mesma que me move.
Sentada ali simplesmente existi. E o agora é a certeza do que jamais saberei.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Estava muito quente em meu quarto, ali a luz que refletia na janela vinha do poste da rua... Cachorros latindo, carros passando, buzinas... Sons que não queria ouvir. Estava realmente quente aquele quarto, resolvi tirar a blusa e ficar deitada olhando o teto do quarto. Suava cada vez mais, meu corpo estava molhado e salgado. Usava saia e era tão gostoso quando o vento do ventilador batia em minhas pernas então de leve levantava minha saia. Refrescando todo o meu corpo assim.
Peguei um copo de água que estava na mesinha ao lado da cama, comecei a derramara a água em minha barriga... Meus seios e meu pescoço. A como aquilo me refrescou, senti um arrepio na espinha, e meu corpo estava me envolvendo cada vez mais nessas trocas de sensações térmicas. Hora eu estava pegando fogo hora ficava geladinha. Como um corpo poderia ser tão prazeroso? Eu sentia minha pele como nunca sentira algo como se fosse mil corpos em um, queria poder me morder e me lamber. Comecei a arranhar com as minhas unhas minhas costas, depois arranhei minhas pernas... Levantei-me da cama e suava e suava, sentei no chão e sem ter por que comecei a rolar... E o chão era fresco deitei de bunda para cima e já não estava mais usando saia. Qualquer tipo de roupa já era incomodo de mais. Só queria sentir minha própria pele e nada mais. Mordia meus pulsos e lambia meus dedos. Passava a língua nos lábios com os olhos fechados, como se assim pudesse sentir com mais tesão a minha própria agonia de ser em pele. Cortante, pele cortante rasgava, me machucava. Pele quente. Conseguia alcançar prazer sem ao menos ter você ali, mas sentia que era por sua causa que eu me debatia em agonia. Meus dedos passavam por entre as pernas, suavemente eu me deixava ser intima. Suavemente eu me deixei ser sua sem ter te tocado. Mesmo meus olhos secos de desejo, minha boca úmida de amor! Ali existiu um gozo, eterno grito e gemido que não podes ouvir. Mas me transbordei por ti aquela noite quente...
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
O garoto das dezenove cruzes
Era um dia quente e o jovem garoto carregava, além da incerteza de ser o que era, a dúvida; "devo ou não devo ir beber uma cerveja?"
Lutando com suas incertezas, o garoto resolveu caminhar, e andando chegou ao bar. Alí encontrou um velho conhecido e, sentados, se embebedaram. Não passando muitas horas, o bar se encheu de velhos amigos, quando o garoto deu seu repente de liberdade. Resolveu ir em busca de se libertar. "Me libertar... me libertar de mim?" pensou consigo o garoto. Rasgaram as sarjetas e as ruelas, rasgaram também o que os oprimia.
Diversão, liberdade, álcool, drogas e euforia. Já tudo misturado na garganta do pequeno vencedor, sua criatividade vem à tona, pinta, rabisca e cria. Em nenhum instante daquela madrugada o garoto parou e pensou em sua vida; já sabia que era o ser que o oprimia.
Sempre procurando se encontrar, o garoto se perdia tentando se achar. Só gostava e só procurava a triste amargura de ser o que valia, e valia muito, mas ele era o único que não via.
Mágoa, rancor e dor de ser o que era. Procurando solução, deixou ser marcado. Sua primeira marca, uma cruz. "Proteção e redenção eu vou ter", pensou o garoto com sua cruz.
Perdido novamente em sua mente, desesperado por não ter a sua sonhada solução, resolveu se deixar marcar novamente. Dezenove foram as suas marcas, suas cruzes para conseguir a liberdade de viver preso em sua alma.
Envolvido por seu obscuro prazer em fazer o mal para sí, causou e desmontou a cidade em que vivia.
"Sou estranho sou bizarro, encarnação do mal!" o garoto dizia.
E assim, o garoto com sua devastação e carregando suas dezenove cruzes, ficou conhecido como Bizarro. Ninguém o entendia, nem procuravam entender, ele era assim por que deveria ser. E o que falavam do garoto: divertido e destrutivo, não tinha nada a perder.
Sua criatividade subestimada por ele mesmo era seu dom maior. Podia dar vida a formas inanimadas.
Loucura, diversão, depressão... seu dia a dia eram assim.
"Como não me protegi de mim? para que serviram essas cruzes que agora tenho que carregar?" o garoto pensava.
Suas mãos eram mágicas e ele não via. Sua alma, torta e destinada a sofrer no prazer do mal, era abençoada pelo dom da criação. Ele se destruía e criava vida.
O garoto das dezenove cruzes nasceu com espirito sombrio e com alma de luz, iluminada pelo dom da criação. A Divindade da ordem no caos lhe presenteou. Contraditório se fez em criatura, seria único portanto. E sua busca para se entender teria um fim quando contemplasse o ser que era, e se entregasse ao seu dom da criação.
Ele anda na escuridão em que muitos andam, mas pode ver a direção com sua alma iluminada.